terça-feira, 8 de junho de 2010

Como é que os pais se devem envolver no processo educativo dos filhos?

O Decreto-Lei nº 30/2002 de 20 de Dezembro atribui um papel especial aos pais e encarregados de educação havendo uma co-responsabilização com escola:

• Acompanhar activamente a vida escolar do seu educando;
• Articular a educação na família com o ensino escolar;
• Procurar que o seu educado beneficie dos seus direitos e cumpra os seus deveres, como a assiduidade, o correcto comportamento escolar e o empenho no processo da aprendizagem;
• Participar na vida da escola e do projecto educativo;
• Colaborar no processo de ensino e de aprendizagem dos seus educandos;
• Contribuir para a preservação da disciplina na escola;
• Integrar activamente a comunidade educativa, informando-se e informando os aspectos relevantes do processo educativo do seu educando;
• Comparecer na escolar sempre que julgue necessário e quando for solicitado.


Quando a escola se aproxima da família e a família do processo educativo do aluno há uma aproximação positiva que resulta num maior desempenho académico dos alunos, por outro lado, quando há um baixo envolvimento parental na escola poderá haver um risco para o abandono e para o fracasso escolar. A interacção das famílias e da escola no processo educativo do aluno tem efeitos no seu desempenho escolar.


Para os alunos também há benefícios quando os pais se interessam pela sua escolaridade, têm uma maior motivação e como tal desenvolvem atitudes positivas em relação à aprendizagem, dando origem ao sucesso académico e pessoal. As potencialidades são transformadas em capacidades.


O desenvolvimento da criança está inevitavelmente ligado à escola e à família. Considerando que cada pessoa é autora e participante da sua história de vida, escola e família devem fomentar uma educação para a liberdade baseada na promoção da construção do projecto pessoal de vida de cada criança/jovem e facilitar as capacidades de cada um tendo em conta a sua individualidade.


Quando falamos de liberdade de cada pessoa, centramo-nos em quatro dimensões (Diez, 1989):

• Determinar para si mesmo a identidade que a vai definir como pessoa, não quanto à sua essência, porque essa é-lhe natural, mas quanto à sua maneira de ser, que é, em última análise, a sua educação.

• Escolha pessoal de valores, ninguém tem o direito de escolher por outro o que ele entende que é importante para si próprio.


• Escolher o estado de vida, ou seja, as decisões estritamente pessoais e intransferíveis (por exemplo: optar pelo casamento, escolher a pessoa que vai ser a companheira de vida, preferir a vida religiosa).

• Actividade profissional, a profissão é, para além de um compromisso com os outros, um modo do Homem perdurar nas suas criações. O trabalho é mais uma forma de identificação da pessoa, e por isso, deve ser da sua escolha.
Apesar de estarmos perante quatro situações que podem reflectir os direitos de cada aluno à sua liberdade enquanto pessoas, não significa por isso que não devam contar com as outras pessoas que estão envolvidas na sua decisão. Somos seres com identidade própria, mas vocacionados para a relação com os outros.
Assim, destacamos que educar as crianças/jovens para que sejam livres não equivale a deixá-los desprovidos de um sistema de valores, nem de um conjunto de hábitos, nem no vazio da sua própria responsabilidade, quando não têm capacidade para assumi-la. Mas não pode ser igualmente predeterminá-la tornando-a incapaz de optar pessoalmente face aos diversos caminhos que a vida lhe abre.

Acção dos pais e da escola: uma acção comum

A parte que compete aos pais na educação da liberdade assume o contraste entre momentos de autoridade e de diálogo.
Quando falamos em autoridade, é no sentido de uma paternidade responsável e interessada e não em autoritarismo. Só existe uma atitude capaz de equilibrar as relações de autoridade-dependência entre pais e filhos: a autenticidade. A autenticidade permite que os pais sejam pais, e não que aparentem uma paternidade, e torna possível que os filhos sejam filhos.

Importa destacar o valor do diálogo. O diálogo exige dos pais a atitude de compreender o filho. Compreender não significa estar de acordo com as ideias ou o comportamento do filho. Mas estar consciente e aceitar a pessoa do filho. Não existe o filho ideal, como não existe o pai ideal. Para dialogar é necessário estar aberto aos novos valores.

Educar os filhos para que sejam pessoas responsavelmente livres é uma tarefa difícil e dura para os pais, mas é também uma tarefa apaixonante, pois a liberdade é a raiz da personalidade humana.

Os pais também devem ajudar a promover a aprendizagem como ler aos filhos, ouvi-los a ler, conversar sobre diferentes temas, pedir-lhes a opinião, passear, ir a museus e locais históricos, entre muitas outras actividades. Além disso, os pais podem ajudar a proporcionar um ambiente de estudo facilitador da aprendizagem, ajudar a organizar horários de estudo e ajudar nos trabalhados escolares.
Também é importante para os alunos sentirem que os seus familiares participam nas actividades organizadas pela escola, eles fizeram um investimento que gostam de ver reconhecido. Os pais também têm a possibilidade de conhecer melhor a escola, os professores e colegas.


Tal como os pais, a escola educa para a liberdade, através do diálogo e da autoridade. Por isso, nestes dois campos, as posições são idênticas, quer para a família, quer para a escola, e pressupõem uma forte coordenação no modo de as pôr em prática.
Além disso, a escola educa através da sua maneira de actuar. Um educando aprende a ser livre quando os sistemas educativos lhe apresentam um padrão no qual ele pode desenvolver, progressiva e racionalmente, as suas capacidades críticas e de opção, dentro de um compromisso de obrigações que o aperfeiçoam como pessoa e o inserem na sociedade.


O sistema escolar deve assentar também no diálogo entre educando e educadores, pois é o diálogo, e não o monólogo dos professores que desperta a atitude crítica, base em que assenta a liberdade.


Podemos então destacar que Família e Escola têm uma missão comparticipada: a orientação pessoal do educando.


Exclusivo guiadafamilia.com
conteúdo gentilmente cedido por parceiro guiadafamilia.com:


Dra. Ana Pernicha e Dr. Ricardo Baptista
Centro de Psicologia e Formação da Pessoa

http://www.cpfpessoa.com/

Referencias Bibliográficas
Diez, Juan. (1989). Família-Escola, uma relação vital. Porto: Porto Editora

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